quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma questão de Cor

Uma questão de cor
Autora : Ana Saldanha


Venho proponho-te a leitura de uma novela - “ Uma Questão de Cor”- de Ana Saldanha, finalista do Prémio UNESCO da Literatura Infantil e Juvenil, em prol da tolerância, de uma sociedade mais justa e anti- racista.
Podes acompanhar as vivências de adolescentes no seu quotidiano, uma vez que, as situações em que a personagem principal se vê confrontada revelam os dilemas, as dúvidas, as angústias e a realidade do mundo actual: conflito de gerações, diversidade, multiculturalismo e nativos digitais.
Em “Uma Questão de Cor”, conhecemos Nina ou Catarina, personagem principal e narradora hábil de uma história do quotidiano, que nos faz ingressar na sua vida familiar e escolar.
A narradora partilha connosco as suas angústias, alegrias, estados de espírito contraditórios, próprios de adolescentes na fase de construção de identidade. Neste sentido, depreendemos que neste pequeno romance estão patentes outros eixos temáticos relacionados com os afectos, a amizade e a tolerância.
Os dez capítulos, ordenados alfabeticamente, desde as letras de A a J, abordam diversas temas, salientando-se o conflito de gerações, falta de diálogo no seio familiar, a problemática da integração dos jovens no grupo e, como já foi referido, o racismo.
Durante a leitura da obra, vais tendo contacto com experiências muito próximas do universo de Nina, como por exemplo, algumas crises familiares, a relação professores alunos, o racismo e xenofobia.
Daniel, a quem os colegas de escola se referem pejorativamente como «tostadinho» ou «escurinho», vai ser confrontado com as mais variadas formas de exclusão, temas actuais na sociedade portuguesa.
A questão do racismo é abordada logo no início , quando a autora utiliza a personagem Daniel, dotada de um impressionante sentido crítico, ao afirmar: “- Desses racismos se faz a tolerância portuguesa. Ciganos, pretos, todos os que não são como a maioria, são vitimas de discriminação e insultos”. Do mesmo modo, Ana Saldanha, aborda a questão das crianças que vivem no meio de duas culturas, sendo que a desvalorização da sua cultura de origem é posta em causa e daí advirem fortes constrangimentos e auto desprezo, como é evidenciado através das palavras do avô de Nina: “- Sem te aperceberes, tu achas que ser negro ou mulato, é uma desvantagem; e que, por isso, o Daniel tem obrigação de te estar muito agradecido por te pores ao lado dele. O pior é que, se calhar, o Danny também sente a sua raça como um inconveniente. Essa é uma das piores consequências do racismo, o autodesprezo”.
O final da narrativa, que abre o último capítulo, “Juízo final” é particularmente pertinente e inovador, porque deixa em aberto o mistério da mudança de escola de Daniel e surge como uma simulação do computador e do próprio sistema, levando o leitor à inferências de ideias fundamentais desta novela: compreensão e respeito face ao outro, independentemente da sua cultura, sexo , raça e etnia.
Espero que esta partilha te suscite curiosidade para a leitura do livro em questão.

Sugestão de leitura da Professora : Eduarda Fernandes