segunda-feira, 11 de abril de 2011

Concurso de Escrita Livre

Concurso de Escrita Livre – Uma História de Amor


No âmbito da celebração do dia de S. Valentim, em 14 de Fevereiro último (Dia dos Namorados), a Biblioteca Escolar lançou um desafio aos alunos dos 9º e 10º Anos. Relembrando as histórias lendárias de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Pedro e Inês ou mesmo histórias amorosas mais actuais, a BE lançou o Concurso de Escrita livre, segundo o qual os alunos deveriam criar uma cativante história de amor, à qual poderiam dar um final trágico ou um final feliz.
Apresentaram-se a concurso 12 textos, com a particularidade de todos eles serem de autores masculinos, das turmas B, E e F do 10º Ano.
A avaliação dos textos foi feita por um júri que incluiu 2 membros da equipa da BE e 3 professores de Português, tendo obedecido aos seguintes critérios: originalidade e criatividade dos textos, organização lógica das ideias, correcção escrita e respeito pelas normas definidas no regulamento do concurso.
Foram vencedores deste concurso os seguintes textos:
1º Lugar: Uma terça-feira banal de David Rafael Borges Monteiro, nº 6, 10ºB
2º Lugar: Uma História de Amor de Mário André Santos Pinto, nº 21, 10ºE
3º Lugar: Aragão e Nicole de Hugo Renato Ribeiro Mota Carvalho, nº 21, 10º F
Mereceu ainda uma menção honrosa o texto Ratão e Ratinha de Patrique Notário de Sousa, nº 12, 10º F
PARABÉNS a todos os participantes e, em especial, aos VENCEDORES que, depois de uns pequenos “retoques finais” que deram aos seus textos, agora publicados no nosso blog.
A equipa da BE agradece ainda aos professores de Português das turmas participantes, pelo modo como estimularam os seus alunos a participar neste concurso.

A equipa da BE/CRE deseja a todos uma Boa Páscoa!

Uma terça-feira banal

1º Lugar: David Rafael Borges Monteiro, nº 6, 10ºB


Era uma terça-feira banal…Uma chuva suave acariciava o seu rosto, como um dia ele haveria de acariciar o dela.
Valentim sentiu novamente aquele chamamento inexplicável, como se a voz lhe sussurrasse ao ouvido’’Vem, a tua felicidade espera-te!’’.
Entrou no café ‘’Glamour’’, atraído por aquela força. Mas nada. Frustração. Apenas a empregada ucraniana habitual e uma moça concentrada no mesmo livro, de capa castanha, que ele também já vira, por acaso, na semana anterior: ‘’Romeu e Julieta” de William Shakespeare. Desiludido por aquilo que lhe parecia não ser nada de especial, regressou a casa.
No dia seguinte, ao ler descontraidamente o jornal, deparou com uma foto da jovem que vira na véspera. Era, afinal, segundo a notícia, uma conceituada actriz, das melhores peças de teatro representadas na Europa e o livro que se encontrava a ler era, precisamente, sobre uma peça que iria estrear no grande auditório do teatro de Vila Real, na semana seguinte.
Uma curiosidade desmedida, sem sentido, invadiu-o e, sem saber ao certo porquê, quis voltar a vê-la. Dirigiu-se ao café ‘’Glamour’’ com a esperança de a encontrar. Valentim era um rapaz um pouco tímido e discreto, mas tinha uma grande paixão: o Teatro. Não a encontrando no “Glamour”, esperou pela estreia da peça ‘’Romeu e Julieta’’ para, então, a ir ver. Mal a reconheceu, vestida de Julieta, mas sentiu-se tão emocionado com a peça, que até chorou.
Quando, mais tarde, os seus passos se dirigiram para o café ‘’Glamour’’, não estranhou a ansiedade que sentia. Ao vê-la, o seu coração como que saltou, dentro do seu peito.
Chamava-se Felicidade. Era uma actriz muito conhecida na Europa, mas uma rapariga muito só. A jovem levantou levemente os olhos, quando ouviu a porta do café a abrir-se. Estava ali, novamente, aquele belo jovem que ela já vira na semana anterior. Parecia buscar algo com o olhar e ela disfarçou, olhando, de novo, para o livro de Shakespeare.
Pouco depois, Valentim saiu. Felicidade ficou triste. Aquele jovem de olhos inquisitivos, parecendo procurar o mundo, intrigava-a. Também ela sentia o desejo de o conhecer, mas tinha de estudar a peça.
Nessa mesma noite, ele voltou ao café ‘‘Glamour’’. Quando Felicidade o viu entrar, também, o seu coração bateu mais forte.
Valentim dirigiu-se á mesa dela e sentou-se. Teve algum receio, mas pensou: ‘’se o meu silêncio não lhe disser nada, então as minhas palavras serão inúteis’’.
Felicidade estendeu-lhe a mão que ele aceitou, carinhosamente. Quando os seus olhos se cruzaram, compreenderam-se, finalmente. Era amor!
Ficaram inseparáveis durante várias luas. Felicidade, todavia, tinha de regressar a Paris, onde a mãe a esperava, mas Valentim não podia deixar o seu emprego, nem o pai e, por isso, a separação tornou-se inevitável.
Era uma terça-feira banal, chuvosa, quando Felicidade abriu a porta da sua casa, em Paris e viu um intenso raio de sol: Era Valentim. Ali estava ele! Deixara amadurecer o sentimento, tirara um curso intensivo de teatro, vendera a casa e partira com o seu pai, à procura da felicidade. E encontraram-na ambos. Valentim e o próprio pai, pois também ele pôde conhecer a mãe dela, com quem, de imediato, se identificou.
Era, afinal, uma terça-feira especial. Descobriram que se o amor fosse uma arma, destruiria o mundo inteiro, mas como era amor puro, só traria FELICIDADE.
E foi assim que, como dizia o seu escritor favorito, Shakespeare, Valentim e Felicidade “viveram felizes neste palco que é a vida”.

Uma História de Amor

2º Lugar: Mário André Santos Pinto, nº 21, 10ºE

Maya e Miguel conheciam-se desde os tempos de infância. Enquanto crianças costumavam brincar juntos. Iam juntos para a escola, onde partilhavam brincadeiras e davam muitas gargalhadas.
O tempo foi passando. Ambos cresceram e, por ironia do destino, Maya teve que mudar de cidade. Os pais foram trabalhar para o Porto e a convivência entre ambos tornou-se cada vez mais distante, uma vez que Maya só vinha de férias com os pais, para Vila Real, na época da Páscoa e no Verão.
No Verão de 2008, Maya e Miguel voltaram a encontrar-se. Estava um dia quente e ambos tinham procurado o mesmo local: a piscina da cidade. Tinham já 18 anos de idade. Ainda que ambos hesitassem em se cumprimentar, foi inevitável. Estavam frente a frente e ainda um pouco envergonhados, mas logo começaram uma conversa que foi o ponto de partida para reavivar memórias e despertar sentimentos.
Miguel ficou surpreendido com a amiga de infância. Estava uma “mulherzinha” bem formada, culta, bonita, responsável e muito decidida. Isto dava-lhe ainda mais realce. Miguel confirmou, de uma vez por todas, a atracção que, na realidade, sempre nutrira por ela. Já Maya, embora enamorada pela simplicidade e cavalheirismo de Miguel, ficara um pouco desapontada com a opção de vida adoptada por ele. Ambos tinham seguido rumos diferentes. Maya era muito aplicada nos estudos e preparava-se para ingressar no ensino superior. Miguel, por sua vez, optou por um curso técnico-profissional. Era um rapaz mais prático e pouco ligado a tudo que fosse escola, livros e teorias. Como bom “Transmontano” que era, gostava de dar uns bons passeios pelo campo, de dormir umas sonecas à sombra de uma árvore, de sentir o cheiro do campo e de respirar tranquilidade. Tinha qualidade de vida, como costumava dizer.
No fim daquele dia maravilhoso, passado na piscina e já um pouco bronzeados pelo sol, Miguel ficou com o número de telemóvel da amiga para marcarem novos encontros. Ela deu-lhe também o seu endereço de e-mail para que pudessem comunicar via internet, mas Miguel demonstrou, de imediato, o seu desinteresse pelas novas tecnologias, explicando-lhe que raramente utilizava o computador.
Uns meses depois, a distância e a comunicação entre eles deixara de ser problema porque Maya regressou definitivamente para viver em Vila Real. Os encontros foram-se tornando cada vez mais habituais até que Maya e Miguel começaram a namorar. Foi um final de Verão inesquecível para ambos.
Chegou Setembro e com ele o resultado do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. Maya ficou a saber que fora colocada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, ingressando no Curso de Medicina Veterinária. A jovem ficou felicíssima e, de imediato, partilhou a novidade com o namorado. Também ele ficou muito contente e apoiou a namorada dando-lhe mesmo alguns conselhos.
Maya passou a ir para a Universidade e por lá ficava todo o dia em aulas, laboratórios e experiências. Miguel, por seu lado, continuava na aldeia pacata dos avós a fazer o que melhor sabia … Ajudava-os nas lides do campo e tratava dos animais, situação que se manteve durante cerca de dois anos. Maya sentia-se feliz, mas desejava que o namorado fosse mais sociável, mais culto e que convivesse mais com a realidade da cidade. Às vezes não era fácil, mas ela fazia um esforço para entender e respeitar a personalidade e as opções de vida que ele fizera, até que a relação entre ambos começou a tornar-se cada vez mais difícil. Por vezes, parecia que não falavam a mesma língua, pois tinham interesses, conversas e ideias completamente diferentes. Havia coisas que para ela eram importantes e que, para ele, não tinham qualquer significado: ir ao cinema ou ao teatro, estar a par das notícias, folhear revistas, ler jornais…
Pouco a pouco, Miguel começou a ter consciência de que algo não estava a correr bem. Ponderou e chegou à conclusão de que, não só pela namorada, mas também por si próprio, valia a pena tentar mudar de vida. Era bom que se tornasse mais culto e investisse na sua formação e no desenvolvimento dos seus conhecimentos.
Decidiu então convidar a namorada para jantar, dizendo-lhe que tinha um comunicado muito importante a fazer-lhe.
Durante o jantar, Miguel tirou do bolso do casaco uma caixinha vermelha acetinada, em forma de coração. Maya estava não só curiosa mas também ansiosa. Quando abriu a caixa e viu o que tinha dentro, não estava a perceber… Encontrou um papel dobrado em muitas partes e ficou decepcionada, pois imaginava que o namorado lhe iria oferecer uma jóia. Desdobrou o papel e começou a ler:
“Meu amor, começo por te pedir desculpa, pois não tenho sido o namorado que mereces, mas venho prometer-te que as coisas vão mudar! Decidi voltar a estudar. Quero estar sempre contigo. Dentro desta caixa não está uma jóia, pois não tenho dinheiro. Apenas está um papel muito simples, com umas palavras ainda mais simples e talvez cheias de erros… Mas nele está toda a minha sinceridade e todo o amor que sinto por ti. Deixa-me continuar a amar-te e a fazer-te ainda mais feliz. Amo-te!”
Ao ler este bilhete, Maya ficou sem palavras e apercebeu-se de que tinha encontrado o homem da sua vida. Se ainda lhe restavam dúvidas, estas ficaram esclarecidas naquele momento. Miguel conseguiu entender que não estava a aproveitar tudo que a vida lhe podia dar. Quando decidiu, finalmente, fazer algo por si, tudo mudou e aquilo que era monótono e desinteressante, passou a ser simplesmente fantástico e perfeito!

Aragão e Nicole

3º Lugar: Hugo Renato Mota Carvalho, 10ºF, Nº21


Antigamente, em 1580, existia, em França, um conde, chamado Aragão, que todas as mulheres cobiçavam. Vivia num grande palácio, situado no centro de Paris, que tinha
um belo jardim, com duas grandes torres de cada lado e com uma grande vista para a Torre Eiffel. Todas as mulheres, desde as donzelas do palácio, às mulheres do campo, o achavam um homem charmoso, bonito, rico… o homem perfeito para casar.
Certo dia, quando Aragão estava a dar um passeio a cavalo pelas suas terras, deparou-se com uma bonita camponesa que estava a colher os legumes da terra. Era uma moça de olhos e cabelos castanhos, encaracolados, pele morena e um pouco suja de terra, com um vestido comprido de pano esverdeado, descalça e muito trabalhadora.
Quando Aragão chegou ao palácio, ordenou logo a dois dos seus trabalhadores, que
descobrissem o nome dela.
Depressa chegou, aos ouvidos do conde, a informação desejada. Seu nome
era Nicole. Este nome encantou-o e entrou nos seus ouvidos como se fosse uma bela melodia. Logo ordenou que a chamassem aos seus aposentos.
Ao entrar no palácio, Nicole trazia um ar envergonhado, por estar suja e, ao mesmo tempo, sentia-se um pouco assustada por não saber para que fora chamada. Teria feito alguma coisa mal?
Quando ela entrou no quarto, Aragão olhou para ela e disse:
- Tão bonita! Nunca vi flor mais bela!
A bela camponesa sentiu-se ainda mais envergonhada.
- Porque me chamou, meu senhor?
- Chame-me Aragão. Vi-a no campo a trabalhar, e fiquei encantado com a sua beleza.
O rosto dela corou ainda mais.
- Obrigada. Se me permite que o diga, o senhor também é muito elegante.
O conde sorriu e ordenou que cuidassem da linda moça. Que lhe preparassem um
banho, que a vestissem com um belo vestido e lhe preparassem um grande banquete.
Já na sala de jantar, Aragão puxou a cadeira e sentou-se, aguardando a
chegada de Nicole.
Começaram a ouvir-se uns passos leves, a descer a escada. Então, o conde ordenou que os músicos começassem a tocar. Completamente espantado, ficou a olhar para aquela bela mulher! Tinha os cabelos presos com uma linda bandolete prateada, um vestido encarnado, muito bonito, e uns sapatinhos rasos de cor prateada, a condizer com a bandolete.
O conde puxou a cadeira para ela se sentar, acendeu as velas e começaram a
jantar. Conversaram toda a noite até que, encantados, acabaram por dar um beijo.
Aragão retirou a rosa encarnada que tinha colocado no bolso da frente do seu casaco e ofereceu-lha dizendo:
- A tua beleza é como a desta rosa. Distingue-se entre todas as outras. Aceitas tornar-te
minha esposa?
- Sim, respondeu ela, dando-lhe, em seguida, um longo beijo.
Seguiram-se os preparativos para um grande casamento! Todos os amigos de Aragão e Nicole estiveram presentes. Foi uma festa inesquecível.
Aragão e Nicole casaram e viveram felizes para sempre!