segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma História de Amor

2º Lugar: Mário André Santos Pinto, nº 21, 10ºE

Maya e Miguel conheciam-se desde os tempos de infância. Enquanto crianças costumavam brincar juntos. Iam juntos para a escola, onde partilhavam brincadeiras e davam muitas gargalhadas.
O tempo foi passando. Ambos cresceram e, por ironia do destino, Maya teve que mudar de cidade. Os pais foram trabalhar para o Porto e a convivência entre ambos tornou-se cada vez mais distante, uma vez que Maya só vinha de férias com os pais, para Vila Real, na época da Páscoa e no Verão.
No Verão de 2008, Maya e Miguel voltaram a encontrar-se. Estava um dia quente e ambos tinham procurado o mesmo local: a piscina da cidade. Tinham já 18 anos de idade. Ainda que ambos hesitassem em se cumprimentar, foi inevitável. Estavam frente a frente e ainda um pouco envergonhados, mas logo começaram uma conversa que foi o ponto de partida para reavivar memórias e despertar sentimentos.
Miguel ficou surpreendido com a amiga de infância. Estava uma “mulherzinha” bem formada, culta, bonita, responsável e muito decidida. Isto dava-lhe ainda mais realce. Miguel confirmou, de uma vez por todas, a atracção que, na realidade, sempre nutrira por ela. Já Maya, embora enamorada pela simplicidade e cavalheirismo de Miguel, ficara um pouco desapontada com a opção de vida adoptada por ele. Ambos tinham seguido rumos diferentes. Maya era muito aplicada nos estudos e preparava-se para ingressar no ensino superior. Miguel, por sua vez, optou por um curso técnico-profissional. Era um rapaz mais prático e pouco ligado a tudo que fosse escola, livros e teorias. Como bom “Transmontano” que era, gostava de dar uns bons passeios pelo campo, de dormir umas sonecas à sombra de uma árvore, de sentir o cheiro do campo e de respirar tranquilidade. Tinha qualidade de vida, como costumava dizer.
No fim daquele dia maravilhoso, passado na piscina e já um pouco bronzeados pelo sol, Miguel ficou com o número de telemóvel da amiga para marcarem novos encontros. Ela deu-lhe também o seu endereço de e-mail para que pudessem comunicar via internet, mas Miguel demonstrou, de imediato, o seu desinteresse pelas novas tecnologias, explicando-lhe que raramente utilizava o computador.
Uns meses depois, a distância e a comunicação entre eles deixara de ser problema porque Maya regressou definitivamente para viver em Vila Real. Os encontros foram-se tornando cada vez mais habituais até que Maya e Miguel começaram a namorar. Foi um final de Verão inesquecível para ambos.
Chegou Setembro e com ele o resultado do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. Maya ficou a saber que fora colocada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, ingressando no Curso de Medicina Veterinária. A jovem ficou felicíssima e, de imediato, partilhou a novidade com o namorado. Também ele ficou muito contente e apoiou a namorada dando-lhe mesmo alguns conselhos.
Maya passou a ir para a Universidade e por lá ficava todo o dia em aulas, laboratórios e experiências. Miguel, por seu lado, continuava na aldeia pacata dos avós a fazer o que melhor sabia … Ajudava-os nas lides do campo e tratava dos animais, situação que se manteve durante cerca de dois anos. Maya sentia-se feliz, mas desejava que o namorado fosse mais sociável, mais culto e que convivesse mais com a realidade da cidade. Às vezes não era fácil, mas ela fazia um esforço para entender e respeitar a personalidade e as opções de vida que ele fizera, até que a relação entre ambos começou a tornar-se cada vez mais difícil. Por vezes, parecia que não falavam a mesma língua, pois tinham interesses, conversas e ideias completamente diferentes. Havia coisas que para ela eram importantes e que, para ele, não tinham qualquer significado: ir ao cinema ou ao teatro, estar a par das notícias, folhear revistas, ler jornais…
Pouco a pouco, Miguel começou a ter consciência de que algo não estava a correr bem. Ponderou e chegou à conclusão de que, não só pela namorada, mas também por si próprio, valia a pena tentar mudar de vida. Era bom que se tornasse mais culto e investisse na sua formação e no desenvolvimento dos seus conhecimentos.
Decidiu então convidar a namorada para jantar, dizendo-lhe que tinha um comunicado muito importante a fazer-lhe.
Durante o jantar, Miguel tirou do bolso do casaco uma caixinha vermelha acetinada, em forma de coração. Maya estava não só curiosa mas também ansiosa. Quando abriu a caixa e viu o que tinha dentro, não estava a perceber… Encontrou um papel dobrado em muitas partes e ficou decepcionada, pois imaginava que o namorado lhe iria oferecer uma jóia. Desdobrou o papel e começou a ler:
“Meu amor, começo por te pedir desculpa, pois não tenho sido o namorado que mereces, mas venho prometer-te que as coisas vão mudar! Decidi voltar a estudar. Quero estar sempre contigo. Dentro desta caixa não está uma jóia, pois não tenho dinheiro. Apenas está um papel muito simples, com umas palavras ainda mais simples e talvez cheias de erros… Mas nele está toda a minha sinceridade e todo o amor que sinto por ti. Deixa-me continuar a amar-te e a fazer-te ainda mais feliz. Amo-te!”
Ao ler este bilhete, Maya ficou sem palavras e apercebeu-se de que tinha encontrado o homem da sua vida. Se ainda lhe restavam dúvidas, estas ficaram esclarecidas naquele momento. Miguel conseguiu entender que não estava a aproveitar tudo que a vida lhe podia dar. Quando decidiu, finalmente, fazer algo por si, tudo mudou e aquilo que era monótono e desinteressante, passou a ser simplesmente fantástico e perfeito!

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