Integrada na atividade de partilha de leituras, realizada na biblioteca da Escola Secundária, no dia 12 de dezembro, no âmbito dos Contratos de Leitura da disciplina de Português, divulgamos o trabalho da aluna do 12º C, Mara A. Sousa, baseado na obra “Fragmentos de uma vida” de Isabella Leitner e Irving A. Leitner.
Resumo da obra:
Este livro conta uma história verídica narrada por Isabella Leitner.
Isabella, juntamente com as suas cinco irmãs, um irmão e a mãe, uma família de judeus húngaros, foram feitos prisioneiros no campo de concentração de Auschwitz, durante a 2ª Guerra Mundial.
Isabella inicia o seu relato no mês de janeiro de 1945, logo após a libertação do campo de concentração, pelos russos. Começa, assim, uma nova viagem, uma nova vida, após o pesadelo do Holocausto daqueles que foram os seus primeiros sobreviventes.
Após serem libertadas, Isabella e as suas irmãs Chicha e Rachel, todas adolescentes, encontram-se sob o cuidado dos russos que ocuparam casas abandonadas da região. Apesar de serem rudes, de representarem uma ameaça sexual e de terem de cultivar campos e ordenhar vacas para poderem comer, as irmãs sentem-se minimamente seguras e alimentadas, depois de todo o horror que viveram. Não passavam de esqueletos ambulantes de cabeças rapadas e eram obrigadas a realizar trabalhos pesados. Viram a mãe e a irmã mais nova morrerem numa câmara de gás e perderam o rasto do irmão Potyo e da irmã Cipi que não desistiram de procurar.
Todavia, os russos insistem para que partam (eram livres, não podiam ficar ali e a comida estava a acabar-se) mas elas não querem porque receiam o que vão encontrar e como irão sobreviver sozinhas.
As estradas enchem-se de refugiados que caminham todos juntos, em silêncio, na mesma direção, um campo de refugiados em Odessa.
As conversas entre aquelas pessoas resumiam-se a tentar saber em que campo estiveram, de onde vinham, se conheciam fulano, se tinham visto tal parente, se sabiam se estava vivo...
O objetivo das irmãs era, então, chegar a Nova Iorque onde o seu pai estava emigrado e totalmente sem notícias da família.
Recompostas fisicamente, as irmãs seguiam o longo caminho até Odessa de olhos vazios, mas determinados.
À chegada, tiveram a sorte de encontrar um oficial inglês que fora libertado e que lhes conseguiu uma entrevista com o adido militar americano. Este comoveu-se com a sua história e conseguiu embarcá-las no primeiro navio com destino à América.
Durante quase dois meses de travessia do oceano, a esperança cresce dentro delas. Apesar de tudo ser ainda muito recente, de terem sentido na pele o ódio e o horror, já não sentem o cheiro a carne queimada que lhes inundava os narizes, em Auschwitz. Toda a tripulação é simpática com elas e, apesar de não falarem a mesma língua, formam, de certa forma, uma família.
Um dos oficiais é um judeu americano, Jack. Ele assume a função de intérprete comunicando em íidiche com elas. Contudo, é a Chicha que Jack dá mais atenção.
A oito de maio de 1945 a guerra acaba e a dez de maio, pisam, finalmente, solo americano. São logo levadas ao encontro do pai a quem são incapazes de falar sobre os restantes membros da família. Ele pede-lhes que rezem e agradeçam a Deus por estarem vivas, mas elas não conseguem satisfazer o pedido depois de todo o horror que viveram.
São as primeiras sobreviventes da guerra a chegar sãs e salvas à América. Vivem felizes num país onde há liberdade e igualdade, contudo, nunca esquecerão a maldade de Hitler e tudo aquilo que tanto as fez sofrer.
Chicha e Jack reencontram-se logo a seguir e casam-se.
Potyo também reencontra a família uns meses mais tarde, após ter sido encontrado baleado ao fugir, quando um comboio alemão cheio de prisioneiros, é capturado pelos Aliados.
Quanto a Cipi, só 40 anos depois é que Isabella fica a saber da morte dessa irmã ao reencontrar uma velha conhecida, num encontro de sobreviventes.
A minha personagem preferida:
O principal objetivo deste livro é relatar as vivências de três irmãs, num período marcante da história da Humanidade. Não é fornecida ao leitor uma análise profunda das personagens e, embora se relatem alguns episódios cheios de intervenções, estes não são suficientes para permitirem formar impressões sobre as mesmas.
A minha personagem preferida é a narradora e personagem principal, Isabella Leitner. Esta é a única cujos pensamentos, valores e atitudes me foram expostos por ela própria, na primeira pessoa.
Isabella foi sobretudo uma inocente. Uma jovem que foi levada de casa por um brutal agressor e metida num campo de concentração, exposta a horrores indescritíveis. Foi torturada, usada e quase morreu à fome. Contudo, o seu milagre pessoal não foi o de ter sobrevivido como um ser destruído, esmagado pelo sofrimento e pela malícia, mas como uma mulher cujo prazer de viver é tão puro que se transforma num cântico de vitória sobre os espíritos transbordantes de ódio e destruição.
A minha opinião sobre esta obra:
Esta obra está referenciada como sendo um “clássico da literatura do Holocausto”. Antes de a ler, pensei que se tratava de um relato exaustivo acerca de momentos críticos vividos pelas personagens, mas, na verdade, revelou-se uma leitura bem mais agradável. Apesar de nos dar uma leve visão daquilo que foi o Holocausto, sugere uma perspetiva daquilo que foi possível fazer após esse horror e mostra como três jovens inocentes e desprotegidas conseguiram redescobrir e semear o amor e a bondade, após a grande tempestade que assolou as suas vidas.
Por outro lado, adoro livros sobre histórias verídicas, uma vez que o meio de escape e de evasão que simboliza um livro é possível ser vivido com mais intensidade. A história que estou a ler e que me permite, por alguns momentos, sair para fora do mundo em que vivo, é ainda mais entusiasmante sabendo que aquilo que imagino aconteceu de facto. Este livro expõe uma realidade aterradora e reflete-a de forma soberba.
Esta obra, impressionante e pungente, é também um reflexo da luta humana pela sobrevivência, numa quase ressurreição de mártires do século passado, cuja leitura se torna inesquecível. Recomendo-a!
Mara A. Sousa
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