quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Partilha de leituras

Integrada na atividade de partilha de leituras, realizada na biblioteca da Escola Secundária, no dia 12 de dezembro, no âmbito dos Contratos de Leitura da disciplina de Português, divulgamos o trabalho da aluna do 12º C, Mara A. Sousa, baseado na obra “Fragmentos de uma vida” de Isabella Leitner e Irving A. Leitner.

Resumo da obra:

Este livro conta uma história verídica narrada por Isabella Leitner.

Isabella, juntamente com as suas cinco irmãs, um irmão e a mãe, uma família de judeus húngaros, foram feitos prisioneiros no campo de concentração de Auschwitz, durante a 2ª Guerra Mundial.

Isabella inicia o seu relato no mês de janeiro de 1945, logo após a libertação do campo de concentração, pelos russos. Começa, assim, uma nova viagem, uma nova vida, após o pesadelo do Holocausto daqueles que foram os seus primeiros sobreviventes.

Após serem libertadas, Isabella e as suas irmãs Chicha e Rachel, todas adolescentes, encontram-se sob o cuidado dos russos que ocuparam casas abandonadas da região. Apesar de serem rudes, de representarem uma ameaça sexual e de terem de cultivar campos e ordenhar vacas para poderem comer, as irmãs sentem-se minimamente seguras e alimentadas, depois de todo o horror que viveram. Não passavam de esqueletos ambulantes de cabeças rapadas e eram obrigadas a realizar trabalhos pesados. Viram a mãe e a irmã mais nova morrerem numa câmara de gás e perderam o rasto do irmão Potyo e da irmã Cipi que não desistiram de procurar.

Todavia, os russos insistem para que partam (eram livres, não podiam ficar ali e a comida estava a acabar-se) mas elas não querem porque receiam o que vão encontrar e como irão sobreviver sozinhas.

As estradas enchem-se de refugiados que caminham todos juntos, em silêncio, na mesma direção, um campo de refugiados em Odessa.

As conversas entre aquelas pessoas resumiam-se a tentar saber em que campo estiveram, de onde vinham, se conheciam fulano, se tinham visto tal parente, se sabiam se estava vivo...

O objetivo das irmãs era, então, chegar a Nova Iorque onde o seu pai estava emigrado e totalmente sem notícias da família.

Recompostas fisicamente, as irmãs seguiam o longo caminho até Odessa de olhos vazios, mas determinados.

À chegada, tiveram a sorte de encontrar um oficial inglês que fora libertado e que lhes conseguiu uma entrevista com o adido militar americano. Este comoveu-se com a sua história e conseguiu embarcá-las no primeiro navio com destino à América.

Durante quase dois meses de travessia do oceano, a esperança cresce dentro delas. Apesar de tudo ser ainda muito recente, de terem sentido na pele o ódio e o horror, já não sentem o cheiro a carne queimada que lhes inundava os narizes, em Auschwitz. Toda a tripulação é simpática com elas e, apesar de não falarem a mesma língua, formam, de certa forma, uma família.

Um dos oficiais é um judeu americano, Jack. Ele assume a função de intérprete comunicando em íidiche com elas. Contudo, é a Chicha que Jack dá mais atenção.

A oito de maio de 1945 a guerra acaba e a dez de maio, pisam, finalmente, solo americano. São logo levadas ao encontro do pai a quem são incapazes de falar sobre os restantes membros da família. Ele pede-lhes que rezem e agradeçam a Deus por estarem vivas, mas elas não conseguem satisfazer o pedido depois de todo o horror que viveram.

São as primeiras sobreviventes da guerra a chegar sãs e salvas à América. Vivem felizes num país onde há liberdade e igualdade, contudo, nunca esquecerão a maldade de Hitler e tudo aquilo que tanto as fez sofrer.

Chicha e Jack reencontram-se logo a seguir e casam-se.

Potyo também reencontra a família uns meses mais tarde, após ter sido encontrado baleado ao fugir, quando um comboio alemão cheio de prisioneiros, é capturado pelos Aliados.

Quanto a Cipi, só 40 anos depois é que Isabella fica a saber da morte dessa irmã ao reencontrar uma velha conhecida, num encontro de sobreviventes.

A minha personagem preferida:

O principal objetivo deste livro é relatar as vivências de três irmãs, num período marcante da história da Humanidade. Não é fornecida ao leitor uma análise profunda das personagens e, embora se relatem alguns episódios cheios de intervenções, estes não são suficientes para permitirem formar impressões sobre as mesmas.

A minha personagem preferida é a narradora e personagem principal, Isabella Leitner. Esta é a única cujos pensamentos, valores e atitudes me foram expostos por ela própria, na primeira pessoa.

Isabella foi sobretudo uma inocente. Uma jovem que foi levada de casa por um brutal agressor e metida num campo de concentração, exposta a horrores indescritíveis. Foi torturada, usada e quase morreu à fome. Contudo, o seu milagre pessoal não foi o de ter sobrevivido como um ser destruído, esmagado pelo sofrimento e pela malícia, mas como uma mulher cujo prazer de viver é tão puro que se transforma num cântico de vitória sobre os espíritos transbordantes de ódio e destruição.

A minha opinião sobre esta obra:

Esta obra está referenciada como sendo um “clássico da literatura do Holocausto”. Antes de a ler, pensei que se tratava de um relato exaustivo acerca de momentos críticos vividos pelas personagens, mas, na verdade, revelou-se uma leitura bem mais agradável. Apesar de nos dar uma leve visão daquilo que foi o Holocausto, sugere uma perspetiva daquilo que foi possível fazer após esse horror e mostra como três jovens inocentes e desprotegidas conseguiram redescobrir e semear o amor e a bondade, após a grande tempestade que assolou as suas vidas.

Por outro lado, adoro livros sobre histórias verídicas, uma vez que o meio de escape e de evasão que simboliza um livro é possível ser vivido com mais intensidade. A história que estou a ler e que me permite, por alguns momentos, sair para fora do mundo em que vivo, é ainda mais entusiasmante sabendo que aquilo que imagino aconteceu de facto. Este livro expõe uma realidade aterradora e reflete-a de forma soberba.

Esta obra, impressionante e pungente, é também um reflexo da luta humana pela sobrevivência, numa quase ressurreição de mártires do século passado, cuja leitura se torna inesquecível. Recomendo-a!

Mara A. Sousa

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